segunda-feira, 4 de maio de 2009

FLEXÃO VERBAL - FCC

Sim, sim, sim, senhores!

Mais uma vez estamos aqui para administrar uma breve explicação.Hoje vamos tratar de um conteúdo tão comum nas provas de português em geral como também, principalmente, nas provas aplicadas pela CARLOS CHAGAS: FLEXÃO VERBAL.

Sinta-se à vontade e explore tudo!Reclamações, sugestões e elogios são bem-vindos!

Agora, à questão!

1. TRT 2004

O verbo flexionado de forma INCORRETA está grifado na frase:

(A) Com base na legislação vigente, os promotores propuseram às autoridades responsáveis as penalidades cabíveis.
(B) Alguns policiais requiseram o cumprimento do dispositivo legal para garantir sua segurança durante as diligências.
(C) Estudam-se alterações no conteúdo de certas leis para que eles dêem resultados positivos no controle da violência.
(D) Apesar de rígidas, as condições de encarceramento para criminosos ainda contêm a ocorrência de atos de violência.
(E) Ninguém ainda se deteve para analisar os resultados da aplicação rigorosa de penalidades aos detentos.

COMENTÁRIOS

Como sempre, é um prazer imenso estar aqui para compartilhar esse conhecimento. Pois, o que vale um saber sem a participação com os demais? Não é mesmo? Desse modo, realizo-me profissionalmente, e todos ficamos felizes! Rá!Vamos ao que interessa...sempre de acordo com Jack Estripador...”por partes...”. Ou como Tom Araya, vocalista do Slayer, na música PIECE BY PIECE (quem quiser verificar a tradução dessa música...ela é sinistra!!!).

ITEM POR ITEM.

LEMBRE-SE: A QUESTÃO PEDE O ITEM INCORRETO!

ITEM A

É CERTO aparecerem em provas da Carlos Chagas questões dessa natureza. Aqui, exige-se do candidato o conhecimento quanto à correta flexão do verbo. Perceba que são verbos de difícil conjugação. Porém, para isso, há uma saída.

Veja:

Com base na legislação vigente, os promotores propuseram às autoridades responsáveis as penalidades cabíveis.

Trata-se do verbo PROPOR. Ora, esse verbo é DERIVADO do verbo POR.
Assim: PRO + POR.

Façamos isto:

Esqueçamos o contexto em que o verbo está e empreguemos o próprio verbo POR na mesma conjugação.Com base na legislação vigente, os promotores PUSERAM...

Se adicionarmos o prefixo PRO -

Com base na legislação vigente, os promotores PRO + PUSERAM... PROPUSERAM

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM B

Alguns policiais requiseram o cumprimento do dispositivo legal para garantir sua segurança durante as diligências.

Temos o verbo REQUERER. Esse verbo exige bastante atenção. Muitos pensam que ele se conjuga de acordo com o verbo QUERER. Isso não é verdade, em absoluto.

1. Por exemplo, se fôssemos conjugar o verbo QUERER no PRESENTE DO INDICATIVO (que expressão estranha, né...) seria:

EU QUERO
TU QUERES
ELE QUERER
NÓS QUEREMOS
-------------
ELES QUEREM

Por outro lado, se fôssemos, agora, conjugar o REQUERER.

EU REQUEIRO
TU REQUERES
ELE REQUER
NÓS REQUEREMOS
---------------
ELES REQUEREM
Veja o confronto:
Eu – QUERO / REQUEIRO

Percebeu a diferença? Então, no presente do indicativo há uma diferença sutil somente na primeira pessoa do singular.

2. Agora no PRETÉRITO PERFEITO (passado acabado, não-habitual, não-durativo):

EU ======== QUIS – REQUERI
TU ======== QUISESTE – REQUERESTE
ELE ======= QUIS – REQUEREU
NÓS ======= QUISEMOS – REQUEREMOS
ELES =======QUISERAM – REQUERERAM

Existem, nesse tempo, diferenças mais evidentes. E é aqui que reside o problema!
Alguns policiais requiseram o cumprimento...

O verbo REQUERER está, nesse contexto, empregado no pretérito perfeito. Particularmente, nesse caso, então, haverá diferenças entre as formas.

1. Se fosse o verbo QUERER:

Alguns policiais QUISERAM...

Porém, aqui, o verbo REQUERER não assumirá forma idêntica à do verbo QUERER.

Portanto, a flexão correta é:

Alguns policiais REQUERERAM...

CONCLUSÃO: este é o ITEM A MARCAR.

ITEM C

Estudam-se alterações no conteúdo de certas leis para que eles dêem resultados positivos no controle da violência.

Está correta a flexão do verbo DAR nesse contexto. O verbo DAR é um daqueles verbos que, no plural, aparecem DOIS És.

Assim como nos verbos CRER, LER e VER.É o famoso: “CRÊ – DÁ – LÊ – VÊ”.

A dica.

Veja: CREEM – DEEM – LEEM – VEEM

Segundo a nova ortografia, este acento circunflexo desaparecerá.Analisando a frase do itemC:

....para que ELES CREEM......para que ELES DEEM......para que ELES LEEM......para que ELES VEEM...CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM D

Apesar de rígidas, as condições de encarceramento para criminosos ainda contêm a ocorrência de atos de violência.

Trata-se do verbo CONTER, que, por sinal, é DERIVADO do TER. Assim como o MANTER, RETER, DETER. Esses são os mais comuns.O verbo TER na terceira pessoa do plural, isto é, em concordância com o pronome ELES, apresenta o acento circunflexo.

Veja:

ELES TÊM.Logo, seus derivados também serão escritos dessa forma.

Veja:

ELES TÊM – CONTÊM – DETÊM – RETÊM

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM E

Ninguém ainda se deteve para analisar os resultados da aplicação rigorosa de penalidades aos detentos.Trata-se do verbo DETER, que é DERIVADO (como já sabemos) do TER:
Veja: DE + TER. Conjuga-se o TER e é só adicionar o DE.

Assim: EU TENHO / DE + TENHO = DETENHO

O verbo está no tempo passado, então:

EU ====== TIVE – DE + TIVE = DETIVE
TU ====== TIVESTE – DE + TIVESTE = DETIVESTE
ELE ===== TEVE – DE + TEVE = DETEVE

CONCLUSÃO: não marcar.

2. TRF - 2003

Está correta a flexão de todos os verbos empregados na frase:

(A) Se ninguém intervier em nosso planejamento turístico, não haverá como levá-lo a um nível de excelência.
(B) Aquele que se dispor a investir num turismo bem planejado por certo não virá a se arrepender.
(C) É preciso que se detinha aquele turismo de tipo predatório, que tanto prejudica o meio ambiente.
(D) Se não expormos de modo planejado nossas riquezas naturais e culturais, não haverá quem as venha conhecer
(E) Se não convisse investir pesadamente nos empreendimentos turísticos, a Europa não o estaria fazendo há tanto tempo.

COMENTÁRIOS

Dica: encontre, item por item, o verbo que mais exige atenção. Feito isso, analise.

ITEM A

Se ninguém intervier em nosso planejamento turístico, não haverá como levá-lo a um nível de excelência.

O verbo mais complexo é o INTERVIER, que é a forma conjugada do verbo INTERVIR.Ora, esse verbo INTERVIR é derivado do VIR.

Veja: INTER + VIR.

Logo, conjugando-se o VIR, conjuga-se também o INTERVIR.

EU VENHO / INTER + VENHO = INTERVENHO
TU VENS / INTER + VENS = INTERVÉNS (está acentuado porque é um oxítono)
ELE VEM / INTER + VEM = INTERVÉM (está acentuado porque é um oxítono)

No caso da questão:

Com o verbo VIR: Se ninguém VIER...
Então com o verbo INTERVIER: Se ninguém INTERVIER...

CONCLUSÃO: ITEM CORRETO

ITEM B

Aquele que se dispor a investir num turismo bem planejado por certo não virá a se arrepender.

O verbo de conjugação mais complexa é o DISPOR.Ora, esse verbo é DERIVADO do verbo POR. Assim: DIS + POR = DISPOREntão, conjugando o verbo POR, conjuga-se imediatamente o DISPOR.

Veja:

EU PONHO / DIS + PONHO = DISPONHO
TU PÕES / DIS + PÕES = DISPÕES
ELE PÕE / DIS + PÕE = DISPÕE

Conjugando de acordo com o tempo empregado na frase, no caso FUTURO do SUBJUNTIVO, teremos:

1. Com o verbo POR: Aquele que se PUSER...
2. Com o verbo DISPOR: Aquele que se DISPUSER...

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM C

É preciso que se detinha aquele turismo de tipo predatório, que tanto prejudica o meio ambiente.

O problema, nesse caso, não está relacionado à flexão em si do verbo, mas à flexão condizente com o tempo verbal sentido na frase. Porque a forma DETINHA faz parte, sim, de uma das formas que o verbo DETER pode assumir. No entanto, essa forma marca o PASSADO, sendo mais exato, o PRETÉRITO IMPERFEITO.

A questão exige a forma PRESENTE do SUBJUNTIVO, que, ironicamente, indica FUTURO (numa outra oportunidade iremos estudar detalhadamente os tempos verbais).

Então:

É preciso que se DETENHA...
Essa seria a explicação gramatical. Ela, porém, parece-nos um tanto complexa.

Sejamos, então, mais simples!

Façamos isto: já que o verbo DETER (DE + TER) é derivado do TER, vamos colocar o verbo TER nesse contexto e verificar como ele se apresenta:

Veja:

É preciso que se TENHA... (e não “se TINHA”).

Se DETER é DE + TER, temos:

É preciso que se DETENHA...

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM D

Se não expormos de modo planejado nossas riquezas naturais e culturais, não haverá quem as venha conhecer.

O verbo de difícil conjugação, nesse caso, é o EXPOR. Ora, o EXPOR é derivado do...(adivinha) POR. É aquela coisa...SE O EXPOR (EX + POR) É DERIVADO DO POR, ENTÃO BASTA CONJUGAR O POR...e correr pro abraço!!!

Veja:

Se não PORMOS...(?????)

O certo é SE NÃO PUSERMOS...

Então, com o verbo EXPOR:

Se não EXPUSERMOS...

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM E

Se não convisse investir pesadamente nos empreendimentos turísticos, a Europa não o estaria fazendo há tanto tempo.

O verbo é CONVIR, que é DERIVADO do VIR. Então, basta conjugar o VIR.

Veja:

Se não VIESSE...

Logo:

Se não CON +VIESSE = CONVIESSE...

CONCLUSÃO: não marcar.

3. TRF – 2003

Estão corretos o emprego e a forma das duas formas verbais sublinhadas na frase:

(A) Quero que constem nos autos que tanto ele quanto ela ainda é réu primário.
(B) Se eles não interporem recurso, quem mais poderão fazê-lo?
(C) A menos que sejem indiciados, haverão de ser liberados imediatamente.
(D) Providenciarei tudo o que me requererem, desde que haja recursos para fazê-lo.
(E) Se a defesa propor um acordo, é bem possível que o promotor e seu auxiliar venha a aceitá-lo.

COMENTÁRIOS:

Dica:
perceba se os verbos em destaque são derivados ou não. Se o forem, conjugue-os de acordo com o verbo primitivo.

ITEM A

Quero que constem nos autos que tanto ele quanto ela ainda é réu primário.O problema é de concordância verbal.

Primeiro:

Quero que CONSTE nos autos que tanto ele quanto ela...

Na verdade, o sujeito do verbo CONSTAR é a oração consequente: QUE TANTO ELE QUANTO ELA...Logo, o verbo fica no SINGULAR. Trata-se, portanto, de um sujeito ORACIONAL, pois é representado por uma oração, obviamente.

Faz-se a pergunta: "Quer que CONSTE o quê?" A resposta é o SUJEITO.

Segundo:

A expressão correlativa TANTO ELE...QUANTO ELA exige verbo no plural. Ou seja, “ELE e ELA”. É uma adição, soma, inclusão.

Correção:

Quero que CONSTE nos autos que tanto ele quanto ela SÃO RÉUS PRIMÁRIOS.

CONCLUSÃO: item incorreto.

ITEM B

Se eles não interporem recurso, quem mais poderão fazê-lo?
Há dois erros nessa sentença.

1º ERRO: FLEXÃO VERBAL.

O verbo é INTERPOR, que é derivado do POR. Então, basta conjugar de acordo com o primitivo e depois fazer os devidos ajustes. Se eles não PUSEREM...

Logo:

Se eles não INTERPUSEREM...

2º ERRO: CONCORDÂNCIA VERBAL (também relacionado, é claro, à flexão).

...quem mais poderão fazê-lo?

O verbo PODER deveria estar no SINGULAR para concordar com o seu sujeito QUEM.
Logo:...quem mais PODERÁ...

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM C

A menos que sejem indiciados, haverão de ser liberados imediatamente.

Trata-se do verbo SER. Bem, a forma SEJEM não aparece em nenhum momento na conjugação desse verbo.

O certo é SEJAM.

Exemplos:

Espero que eles SEJAM felizes.
Quero que meus alunos SEJAM grandes pessoas.

O verbo HAVER, no caso, está correto. Está funcionando como AUXILIAR, sendo assim, pode-se trocar pelo verbo TER.

Veja:

...HAVERÁ de ser liberados = TERÃO de ser liberados...

CONCLUSÃO: não marcar.

ITEM D

Providenciarei tudo o que e requererem, desde que haja recursos para fazê-lo.

Temos agora o verbo REQUERER.

Na questão anterior, analisamos brevemente a respeito desse camarada. Então, vamos aplicar o que aprendemos. primeira vista, parece que a flexão está errada. Mas, tendo um pouco mais de atenção, você verá que está, sim, correto.

PENSAMENTO EQUIVOCADO:

Providenciarei tudo o que me REQUISEREM...(????)

PENSAMENTO CORRETO:Nesse caso, a forma do verbo REQUERER é mesmo REQUEREREM. Em relação à questão analisada, veja o confronto entre os dois:

QUERER e REQUERER:

(QUANDO) EU QUISER / (QUANDO) EU REQUERER
(QUANDO) TU QUISERES / (QUANDO) TU REQUERERES
(QUANDO) ELE QUISER / (QUANDO) ELE REQUERER
(QUANDO) NÓS QUISERMOS / (QUANDO) NÓS REQUERERMOS
(QUANDO) ELES QUISEREM / (QUANDO) ELES REQUEREREM

Mais:

O verbo HAVER está corretamente flexionado. Este verbo quando estiver no sentido de EXISTIR, OCORRER ou ACONTECER permanece no SINGULAR....desde que haja (EXISTAM, OCORRAM) recursos para fazê-lo.

CONCLUSÃO: ITEM CORRETO.

ITEM E

Se a defesa propor um acordo, é bem possível que o promotor e seu auxiliar venha a aceitá-lo.

O verbo é PROPOR. Ora, ele é derivado do POR. Logo, basta conjugar de acordo com o primitivo e fazer os necessários ajustes.PROPOR = PRO + POR.

1. Com o verbo POR:

Se a defesa PUSER...

2. Então, com o verbo PROPOR:Se a defesa PROPUSER...O outro erro diz respeito à concordância verbal....é bem possível que o promotor e seu auxiliar venha a aceitá-lo.

Correção:

...é bem provável que o PROMOTOR e seu AUXILIAR venham a aceitá-lo.

CONCLUSÃO: não marcar.

Mais uma vez, despeço-me com muita saudade, já pensando no próximo assunto a ser abordado aqui.

Espero que todos tenham apreendido bem as explicações apresentadas.

Por enquanto só.

Prof. Hugo Magalhães.

4 comentários:

  1. Muito Obrigado professor! estava mesmo procurando questões comentadas de flexão verbal da FCC!!! Que Deus me abençoe no concurso do TRT!

    Dr. Hugo Magalhães, Maceió-al

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  2. Muito boa sua explicação! Obrigada. Juliana Moreto, São Paulo.

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  3. Mas na letra c, "deêm" tem acento e este verbo não deve ser acentuado.

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  4. Oi Professor. São excelentes suas explicações. Mas fiquei com uma dúvida no comentário da 1ª questão, letra B. Ele querer? Ou ele quer? Ou terá sido erro de digitação? Desculpe a ousadia. Um abraço!
    EU QUERO
    TU QUERES
    ELE QUERER
    NÓS QUEREMOS
    -------------
    ELES QUEREM

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